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1 de abril de 2014

Alterações climáticas: Portugal ameaçado por mega-incêndios, vendavais e inundações

O risco de incêndios florestais, em particular mega-incêndios, vai continuar a aumentar em Portugal e sul da Europa, assim como o risco de vendavais. Esta tendência, que ganhou uma forte proporção a partir dos anos 70, devido à acumulação de combustível, mudanças climáticas e eventos meteorológicos, vai estender-se a Portugal, França, Grécia, Espanha, Itália e Turquia.
Por outro lado, as inundações costeiras vão afectar até 5,5 milhões de pessoas no Sul e Norte da Europa, com custos directos que podem atingir os €17 mil milhões. O turismo de Verão no Mediterrâneo – e o turismo de Inverno nas montanhas – irá diminuir com o aumento da temperatura e, no Sul da Europa, as condições de saturação e drenagem associadas às chuvas ficarão restritas a determinados períodos no Inverno e Primavera.
Estas são as quatro principais conclusões do novo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas), que se reuniu esta manhã em Yokohama, no Japão, para debater os impactos das alterações climáticas em todo o mundo.
O relatório envolveu o trabalho de milhares de cientistas e peritos, sendo considerado um documento estratégico para fundamentar as políticas climáticas à escala global e de cada um dos países.
A nível global, as quatro principais conclusões aponta os riscos reais, variados e de grande alcance das alterações climáticas, sendo que a incerteza sobre a gravidade dos impactos não é motivo para atrasar a acção. Por outro lado, as comunidades mais pobres e marginalizadas serão as mais atingidas e não há uma solução única de adaptação ao clima que sirva a todos – para alguns impactos não será viável a adaptação.
Principais mensagens do relatório
Num relatório sob o signo do quatro, foram também estas as principais mensagens apresentadas pelo grupo de cientistas. Assim, eles chegaram à conclusão de que o aquecimento da terra e dos oceanos é inequívoco, sendo actualmente motivado pelas alterações climáticas e, em grande parte, causado pela actividade humana.
A compreensão dos cientistas sobre os riscos actuais e emergentes associados às alterações climáticas é cada vez maior, sendo que, por outro lado, os impactos das temperaturas crescentes são profundos sobre o crescimento económico, segurança alimentar, desigualdades económicas, sociais e culturais.
Segundo o IPCC, os países em desenvolvimento e as comunidades rurais tendem a ser os mais atingidos devido aos impactos na produção de alimentos, meios de subsistência e economias locais. Assim, muitas populações de todo o mundo são altamente vulneráveis ​​ao aquecimento global, mesmo que inferior a dois graus em relação aos níveis pré- industriais.
Finalmente, as próximas décadas – até 2040 – correspondem à era da “responsabilidade climática”, e a incerteza não é razão para se atrasar a acção climática. O relatório do segundo grupo de trabalho destaca um número de direções futuras que poderão tomar o desenvolvimento e os impactos das alterações climáticas; as medidas que tomamos agora irão determinar o quão capazes somos de minimizar os cenários mais negativos. É também claro que, no que respeita às alterações climáticas, é mais barato agir já do que adiar.
Europa continua ameaçada
A Europa será um dos continentes mais atingidos pelas alterações climáticas. O Norte da Europa e a zona central do Reino Unido continuarão a ser fortemente afectadas pelas cheias, atingindo mais do dobro dos actuais danos anuais. Considerando os impactos das inundações no crescimento económico, os danos causados ​​pelas cheias na Europa poderão aumentar 17 vezes num cenário de aumento de temperatura de 5,5 ºC.
A Europa é um fornecedor global de alimentos, por isso a segurança alimentar global será afectada pela queda na produtividade relacionada com as alterações climáticas, incluindo doenças e fungos.
O valor das florestas da Europa poderá cair até várias centenas de milhares de milhões de euros, e a incidência de escaravelhos da madeira, fungos e doenças deverá aumentar.
Por outro lado, as temperaturas mais quentes no mar e a acidificação dos oceanos terão impacto nas pescas e indústria do mar.
As alterações climáticas têm afectado e continuarão a afectar todos os aspectos da biodiversidade na Europa, incluindo o tempo de migração de Primavera das aves e a sua época de reprodução. Prevê-se que os habitats adequados para aves nidificantes da Europa se desloquem quase 550 km até o final do século.
Finalmente, até 9% dos mamíferos estão em risco de extinção e até 78% podem ser seriamente ameaçados. Actualmente, uma nova espécie proveniente de locais afastados chega ao Mar Mediterrâneo a cada 4 ou 5 semanas. Esta taxa vai aumentar ao longo do tempo.
O IPCC adverte que é necessária uma redução imediata das emissões de gases de efeito estufa para evitar passar o limite de aquecimento global de 2 graus Celsius, com o qual a União Europeia e todas as outras nações se comprometeram em Copenhaga. A ambição climática europeia não mudou nos últimos cinco anos e sua proposta de 40% das reduções de emissões em 2030 não é uma garantia de que vamos ficar abaixo de um aquecimento de 2 graus Celsius.
Publicado em 31 de Março de 2014.