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8 de agosto de 2011

A bem de uns, façamos a desunião entre todos!

1. Portugal é um país verdadeiramente abençoado pela graça divina em alturas de aperto. Foi assim há oitocentos e tal anos, quando Afonso Henriques tentava formar um país;foi assim há quinhentos e tal anos, quando os Deuses decidiram que seriam os Portugueses os ilustres descobridores de novos mundos e da rota marítima para a Índia (pelo menos na versão de Camões!); e é assim no ano do senhor de dois mil e onze, quando de corte em corte se vão acalorando os bombeiros portugueses. Graças a Deus ou aos deuses, cá vamos tendo uma semanita de fogos, mas sol de pouca dura e tempo bastante para um descanso merecido no quartel, sendo que desta forma o dispositivo pode retemperar forças e preparar-se com solidez para a próxima semana quente que virá quando São Pedro quiser.

Felizmente que há quem pense nos bombeiros, pois pareceu-me no início deste verão que para os nossos governantes é mais necessário ter administrações com mais quatro a ser ricos administradores do que investir em mais meios terrestres ou colocar mais um ou dois meios aéreos para apoiar o ataque aos incêndios florestais. A leitura que faço é tão simples quanto isto: os bombeiros podem bem estar enrascados a defender o país e os bens dos portugueses e, quiçá, ter durante esta época de incêndios duas ou três baixas mortais, mas os amiguinhos e carneiros de estimação dos partidos políticos têm de continuar a comer caviar e a beber "champagne" francês de papo para o ar durante esta altura de calor.

2. Por outro lado, estou cansado nesta vida de bombeiro voluntário dos oportunistas que a bem da sua carteira e do seu "prestígio" balofo tendem a colocar dentro das corporações os homens uns contra os outros. Mais cansado estou quando são essas pessoas as que têm mais responsabilidade dentro dessas mesmas corporações. Quando isso acontece, há pessoas individuais que lucram, mas perde o corpo toda a sua união e (espero que pensem nisto!) abrem-se brechas que irão continuamente a ser aproveitadas por outros que posteriormente poderão ter os mesmos interesses. Constrói-se, portanto, aquilo a que vulgarmente se chama "um ninho de ratos"! Não é essa a ideia que eu tinha dos bombeiros quando entrei para o seu corpo, mas é essa ideia que hoje vai transparecendo com maior clareza. Ainda por cima nunca pensei cortar relações com amigos meus nos bombeiros por causa de interesses de outras pessoas, mas foi isso que aconteceu, pois acima de tudo deve haver respeito e verdade nas palavras que utilizamos quando somos chamados a comentar diferenças de opinião ou quando tentamos que uma simples lei seja cumprida. Infelizmente, hoje em dia as associações humanitárias são autênticos "faroestes" onde os "fora-da-lei" impõem as suas regras e onde se vive um clima de medo. Para além disso, é dentro das associações que a "vendetta" pessoal é cada vez mais frequente, assumindo contornos inexplicáveis e incontroláveis. Felizmente, todos podemos aceder aos tribunais civis para tentar "recolocar" o respeito pelo outro na ordem dos dias. Mas nada disto afasta a agonia que é ter um amigo de quem nos afastámos por causa dos oportunistas dos bombeiros a braços com a maior luta da sua vida (a poucos passos de a perder!) e lembrar-me que neste caso os bombeiros não uniram mas quiseram afastar. Tenho vontade, caso o pior venha a acontecer, de me afastar da razão da separação!

3. Para terminar esta crónica de tão difícil orquestração, quero partilhar convosco uma questão muito pessoal: depois de ter ficado aprovado nas provas de reclassificação para Oficial-Bombeiro (realizadas a 23 de Outubro de 2010), passaram cerca de nove meses após saber dessa aprovação e ainda não fui colocado no meu novo posto.



Guarda, 03 de Agosto de 2011

Daniel António Neto Rocha

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